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Foto do escritorUbiratan Machado

A Pedagogia da Autonomia e as práticas docentes da Geografia: a sala de aula como palco

Atualizado: 24 de nov. de 2022



A Pedagogia da Autonomia e as práticas docentes da Geografia: a sala de aula como palco

O professor de Geografia tem como palco o mundo e sua concretude pautável. O conceito de lugar é tão ou mais palpável para um aluno do 6 ano do que a própria realidade quando ele diz “eu moro em tal lugar”. O lugar é parte de sua vida prática! Quando um professor de Geografia diz “lugar” o aluno realmente sabe do que o professor esta falando não somente em termos conceituais, mas também (na maioria dos casos) o sabe em termos afetivos pois a maioria dos jovens de uma afetividade grande (para o bem ou para o mal) com o lugar onde vive. Falar de “lugar” é falar de Geografia e ao mesmo tempo é falar de vida, vivência e sobrevivência.


A diferença entre o docente (professor) e o discente (aluno) é justamente a capacidade de compreender que “lugar” não é somente uma palavra ou um “espaço fixo” dentro da realidade do aluno, mas é um conceito que “conecta” pessoas e existe sob uma lógica que esta muito além da realidade vivida naquela localidade. O local e o global estão conectados de forma direta e indireta por vários laços produtivos, sociais, econômicos e políticos. O “local” é uma realidade construída e não um dado natural. O professor sabe disso, mas o aluno desconhece essa faceta do “lugar”. Quando um Professor de Geografia convida o aluno “a pensar sobre o espaço geográfico” e ou “pensar sobre o lugar” ele o convida a “enxergar” a realidade última do espaço geográfico: o espaço geográfico é fruto de forças que se organizam para transformação. É desta forma (convidando o aluno a pensar sobre o seu local) que o chamamos para o palco da transformação social na medida em que ele entende que a realidade é fruto de construção social e não de “fatalidade social”. Por isso Paulo Freire diz:


"É preciso, sobretudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção." - Livro Pedagogia da Autonomia - Paulo Freire


Qual a matéria prima essencial para a experiência transformadora de uma consciência que vai deixar de pensar o espaço geográfico como “fatalidade” e sim como construção social? A matéria prima da geografia: o local. Pensar sobre o seu local leva o indivíduo a ser “sujeito” na produção de seu saber. Não precisamos “ensinar geografia”, mas precisamos sim ser “co-produtores” de um pensamento geográfico crítico voltado para transformação de realidades locais, regionais e globais.



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