Capítulo 5 – Sociedade Humorística
08 – A ideologia do humor pós-moderno: satirizar os temas da modernidade
As contradições da transferência da completude do “ser” para “o ter” são gigantescas. A complexidade do imaginário e da psique humana são muito grandes para serem postas em um “objeto” (uma mercadoria). Dai a necessidade de um grande aparato comunicacional para que essa “inserção” seja amparada de forma adequada para que ela seja eficiente. O professor Milton Santos já dizia que não poderia existir “um sistema de objetos” (mercadorias que ganhassem grande poder de circulação devido ao desejo e frenesi que elas causam) sem um “sistema de ações” (uma indústria de informação que fizesse girar um conjunto de informações sincrônicas e convergentes das mais diversas formas possíveis (jornalismo, entretenimento, documentário, teatro, redes sociais etc)). Esse “sistema” visa não somente aumentar o “giro” das mercadorias, mas também aplacar as contradições que se avolumam em toda a extensão da cadeia produtiva.
Uma das formas de “abafar” essas contradições é “elevar” tudo a categoria de humor e comédia. O homem pós-moderno é despojado e descontraído e ter aversão a seriedade intelectual “Se o código humorístico se impôs, «pegou», é porque corresponde a novos valores, a novos gostos (e não somente aos interesses de uma classe), a um novo tipo de individualidade que aspira ao ócio e à descontração, alérgico à solenidade do sentido, ao cabo de meio século de socialização via consumo” (pg 94).
Ver resumo completo do livro
Comments