Capítulo 1 - A redescoberta e a remodelagem do Planeta
no período técnico-científico e os novos papéis das ciências
1 - Da internacionalização da Globalização
Está em curso uma Grande Transformação como afirmou Polanyi (autor do livro A Grande Transformação) que tem afetado estruturas tradicionais de organização social como o Estado, a sociedade, a cultura e a economia. Dentro deste contexto a técnica e a tecnologia (capacidade de realizar ações por meio de elementos artificiais) tem desempenhado um papel extremamente importante sendo alicerçado pelo avanço da Ciência. A mundialização das relações econômicas, sociais e culturais é um fato inquestionável a ponto de se afirmar realmente que vivemos uma mundialização das relações (e não internacionalização quando é se trata de pontualidades).
Apesar do capitalismo ter uma tendência irrefreável para a internacionalização é justamente neste século que essa capacidade se torna explícita. As forças produtivas, amparadas pelo desenvolvimento da técnica que por sua vez é alavancada pela Ciência, tem sido decisiva neste processo. A universalização das relações é uma realidade “universalização da cultura e dos modelos de vida social, universalização de uma racionalidade a serviço do capital erigida em moralidade igualmente universalizada, universalidade de uma ideologia mercantil concebida do exterior, universalização do espaço, universalização da sociedade tornada mundial” (pg 14). As grandes corporações, que através da cultura e do marketing ideológico, tem alavancado essa ideia e essas práticas através da expansão do consumo e da sociedade de consumo são as grandes beneficiárias deste processo junto com os grandes Estados imperialistas.
2 - Um período técnico-científico
Na medida em que os grandes pilares da sociedade tradicional passam por uma radical mudança (Estado, sociedade, cultura e política) todos os elementos conceituais que estão subordinados a eles também passam (conceitos como família, comunidade, localidade, políticas públicas e regionais etc) o que acaba por dificultar a exata compreensão destas transformações para alguns estudiosos. Mas, o fato é que todos concordam que a Ciência e a Técnica tem se tornado mais “próximas” neste período de transformação implicando até mesmo em uma mudança de hierarquia uma em relação a outra “trata-se agora de uma verdadeira interdependência entre ciência e a técnica, contrariamente o que acontecia outrora. De fato, a ciência precede a técnica embora sua realização seja cada vez mais subordinada” (pag 17).
Daí não é difícil deduzir que as técnicas, que agora são o grande motor do capitalismo, passam a ditar o ritmo e as demandas para a Ciência. Como bem afirmar o autor “ora tudo isso é possível porque o trabalho científico foi praticamente colocado a serviço da produção. A ciência tem, doravante, um papel produtivo” (pag 17). É claro, que a ciência sempre teve um papel produtiva, no entanto quando se utilizava esse termo ele era diretamente referido a sociedade como um todo e não apenas a um pequeno segmento social (as grandes corporações).
3 - Mundialização perversa e perversão das ciências
Esse processo de mundialização das relações é perverso não por conta do processo em si (ele seria até benéfico se fosse bem conduzido), no entanto é perversa porque é conduzido de forma a privilegiar um grupo restrito: as grandes corporações e os grandes atores financeiros. Por si só esse fato já seria uma tragédia, no entanto a questão é que para essa mundialização acontecer se faz necessário o incremento de tecnologia crescente e consequentemente uma ciência que estimule essa técnica daí o comprometimento de toda uma sociedade com esse projeto. Toda uma sociedade é cooptada a participar, mas apenas um grupo privilegiado leva esses benefícios.
Comments