Para quem já se aventurou a ler a respeito do amor enquanto conceito fenomenológico compreendeu que esse sentimento deriva da necessidade intima de completude. Sabemos subjetivamente que somos incompletos e tendemos a buscar essa completude “fora de nós mesmos”. Essa tentação acomete a todos e mesmo aqueles que tem consciência de que essa completude deriva do famoso “conhece a ti mesmo” sentem essa forte “compulsão” para “ir para fora” ao invés de se “aprofundar” para o lado de “dentro”. É a eterna contradição humana criando linhas de tensão “dentro e fora” de nós e assim a obra da criação caminha gerando pontos de convergência e ruptura.
O amor sem dúvida alguma é um ponto de convergência enquanto a ausência dele é um ponto de ruptura. Pessoas que amam tende a paz e pessoas que não tem esse amor tendem a ruptura. Obviamente falo de maneira generalizada, mas as exceções são raríssimas em ambos os casos. Mas, o fato é que quanto mais aplicamos o adágio “conhece a ti mesmo” mais chances de sucesso temos no que tange a se aventurar em “águas exteriores” (nos apaixonar por outra pessoa que não nós) porque é só por meio desta aventura interior (conhece a ti mesmo) que podemos ser e oferecer um porto seguro para outros que também se dispuseram a navegar por “aguas exteriores”. Por outro lado, a nós também se torna mais seguro atracar em um porto que saiba “do que é feito” e o que tem a oferecer em termos de solidez (emocional). Atracar em portos que ainda não tem consciência do que tem a oferecer e do que são feitos sempre incorre em perigo de naufrágio e perdas inevitáveis.
Mas, como estabelecer um “porto seguro” em uma Era (Era da Fluidez) onde as pessoas são cada vez mais superficiais e tendo consciência disso (algumas vezes) vem essa superficialidade como algo natural já que entendem que isso é “fluidez”. Obviamente não estamos falando de algo tipo “Metamorfose ambulante” do nosso querido Raul Seixas. A metamorfose ocorre com base em algo que muda, mas com características básicas que se mantém diferente da Fluidez. A diversidade social é ótima para que mais opções de visão de mundo venham a emergir do marasmo da vida cotidiana consumista, mas sem que aja “portos seguros” para atracar a vida emocional se torna extremamente arriscada como estamos vendo hoje.
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