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Foto do escritorUbiratan Machado

Para entender O conceito de Amor Líquido de Zygmunt Bauman


As obras de Zygmunt Bauman são marcadas por alusões que misturam conceitos sofisticados da sociologia com analogias da vida cotidiana sempre buscando compreender a convergência entre as tendências mercadológicas do capitalismo darwinista e as interpretações socio culturais das diferentes pessoas e classes sociais envolvidas no desenvolvimento da sociedade como um todo. Essa luta de fato existe! Se de um lado temos corporações ávidas por lucro que não se importam com nada a não ser com sua intenção de compra (corporações do tipo Umbrela Corporation) do outro lado temos pessoas que não compreendem ou não acatam de maneira passiva essas “instruções maléficas” de controle e submissão. A obra de Bauaman narra essas relações conflituosa de resistência (ou alienação) entre os que os “donos do poder” querem e o que os “subordinados” acatam ou entendem do plano proposto para eles.


No caso do amor não poderia ser diferente. De um lado, temos o “amor romântico” idealizado pelos mais antigos contos gregos e propagados pelo Renascimento Europeu e ou adocicados pelos contos da Modernidade. Até falamos de sentimentos, expectativas, epopeias e demais devaneios humanos excitados por Platão (amor platônico). Mas, quando entramos na Era Moderna onde o capitalismo tende a transformar tudo em mercadoria ser comercializada o conceito de “amor” tem uma materialização mais “densa” e, de fato, vai parar na prateleira de diversos balcões de comércio do mundo moderno. Cada vez mais “precificado” e “commoditizado” o amor se torna cada vez menos subjetivo (menos sujeito a interpretações individuais e singulares) e mais objetivo (mais sujeito a uma forma visível, palpável, padronizada e comercializável). O amor se torna simples de se reconhecer, simples de explicar e ainda mais simples de precificar.


É neste contexto que a expressão “compensa” se torna ainda mais inteligível. Bauman faz alusão contínua de como as pessoas usam termos comerciais para compreender a relação (idealmente) subjetiva do amor enquanto sentimento. As pessoas se perguntam “compensa amar” essa pessoa? Ou ainda pior “compensa INVESTIR neste relacionamento”? O autor se pergunta se estamos falando de sentimentos ou commodities. Outras pessoas acompanham “compensa investir em um relacionamento assim? Veja se esta te dando o retorno esperado!”. Desta expressão, e de outras tantas que estão no nosso cotidiano, que Bauman tira a ideia de que o amor enquanto sentimento platônico, extremamente subjetivo, singular, individual e intransferível começou a se liquefazer na modernidade e tende a se tornar ainda mais diluído na pós-modernidade...

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