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Foto do escritorUbiratan Machado

Zygmunt Bauman - A globalização e as consequências humanas resenha resumo citação texto


Livro: Globalização: consequências humanas

Autor: Zygmunt Bauman


001_ Introdução: globalização e exclusão humana


Diferentemente da grande maioria dos geógrafos Zygmunt Bauman traz uma visão mais afeita a questão dos relacionamentos do que sobre a estrutura material que permeia os relacionamentos. Uma visão “satisfatória” de um geógrafo seria analisar, por exemplo, o meio urbano para entender a visão e os impactos desta forma de agremiação social sobre a visão dos indivíduos. A visão de Zygmunt Bauman é mais focada na pessoa humana em si. Na própria introdução do livro ele afirma que não somente “sociedades” e “territórios” são globalizados, mas “pessoas” também são globalizadas apontando seu foco de análise predominante. “Este livro é uma tentativa de mostrar que no fenômeno da globalização há mais coisas do que pode o olho apreender; revelando as raízes e consequências sociais do processo globaliza-dor, ele tentará dissipar um pouco da névoa que cerca esse termo que pretende trazer clareza à condição humana atual.” (pag 5)


A questão do tempo e do espaço no que se refere a materialidade é plenamente aceita pelo autor apontando a “livre circulação de mercadorias” em um ritmo cada vez maior e mais frenético como fundamento material do processo de globalização. No entanto, em paralelo, a esse processo há também um ritmo de desenraizamento social e cultural profundo onde alguns “são globalizados” enquanto outros estão “enraizados e acuados” em suas localidades. E isso não se refere a ter ou não acesso a bens de consumos, mas se refere ao fato de que os “locais” se veem “agredidos” e “perseguidos” em suas culturas singulares (culturais próprias de cada local) em razão de direta de uma cultura massificada e globalizante focada na “venda homogeneizada” e não na “singularidade heterogênea” como bem afirma o autor: “Uma parte integrante dos processos de globalização é a progressiva segregação espacial, a progressiva separação e exclusão” (pg.6).


A cultura é muito mais do que consumo! As grandes corporações não tem outra definição de cultura que não seja ligada a consumo e suas grandes associadas (os meios de comunicação de massa) também não de forma que “Os centros de produção de significado e valor são hoje extraterritoriais e emancipados de restrições locais — o que não se aplica, porém, à condição humana, à qual esses valores e significados devem informar e dar sentido” (pg 7). Então quem produz e veicula significação não leva em conta as singularidades locais, ao contrário, as degrada e as “primitiva” dando um caráter extremamente negativo a essas manifestações culturais locais. Esse é um dos processos de exclusão da dignidade humana promovidos pela globalização mercadológica.


O processo de globalização não trata apenas “acesso” a bens e consumo, mas também se trata de aniquilação de “bens de consumo culturais” criados pelas próprias comunidades locais para dar sentido a sua existência local. Essa é foco da abordagem do livro...


002_ Tempo e classe: os acionistas como proprietários ausentes


O processo de globalização afeta sim a questão no “tempo e espaço” tanto da circulação de pessoas quanto da circulação de bens e produtos, mas talvez o impacto maior nem seja precisamente esse. O impacto maior esteja na relação entre “o local e global”. As grandes corporações não somente deslocaram a questão material da produção, mas também desterritorializaram a relação das pessoas entre si. O autor cita o presidente de uma grande corporação que exemplificou bem essa dicotomia entre o “local e o global” quando foi questionado sobre as responsabilidades da sua corporação em relação aos danos locais e aos trabalhadores locais “A companhia pertence às pessoas que nela investem — não aos seus empregados, fornecedores ou à localidade em que se situa.” (pg. 10).



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